A HISTÓRIA DO MÉTODO ILIZAROV

Dr. Gavriil Abramovitch Ilizarov

No final da 2ª Grande Guerra, o jovem médico soviético Dr. Gavriil Abramovitch Ilizarov, formado em 1943 pela Escola de Medicina da cidade de Kzyl-Orda, foi indicado para trabalhar como médico chefe de um pequeno hospital na vila de Dolgovka, no distrito de Kurgan. Nesta época havia uma enorme carência de médicos, motivo pelo qual ele tinha que atender a todo e qualquer chamado, como parto, dor de dente, ou suturas de ferimentos.

Os soldados retornavam das frentes de combate. Eram numerosos e mutilados. Havia também crianças vítimas da guerra, pequenos inválidos com poliomielite e tuberculose óssea. Ao olhar para essas pessoas, Ilizarov perguntava a si mesmo como poderia ajudá-las.

Ele tinha então 23 anos (nascido em 1921, em Dagestan, nas montanhas do Caucaso) . Os horrores da guerra o impressionavam e para esquecer esses momentos lançava-se a seus estudos.

Não se sabe ao certo quantas hipóteses aventou Ilizarov até chegar a conceber seu aparelho.

Como escreveu Vitor Frankel: O professor Ilizarov foi um fenômeno singular, um homem que teve uma idéia e não descansou até poder transforma-la em realidade.

Segundo Frankel: Thomas Edison persistiu e não temos a lâmpada, Isaac Newton persistiu e não temos as leis mecânicas, Gavril Ilizarov persistiu e criou um novo método biológico de osteoplastia e regeneração óssea.

Estudando todos os métodos praticados em Ortopedia e Traumatologia, Ilizarov constatou que o fundamento de suas idéias estava no respeito a anatomia do tecido ósseo, e que nãoo deveria agredir o osso impunemente. Ele examinou a fundo todos os métodos de fixação externa que, a seu ver, eram os que mais respeitavam a integridade do tecido ósseo. Estudou trabalhos publicados desde Lambotte, Putti, Goosens, July, Anderson, e Hoffmann. Também os trabalhos de Haynes e Charnley foram exaustivamente estudados por Ilizarov, e todos apresentavam um ponto em comum: a procura de uma estabilidade cada vez maior através de uma montagem cada vez mais rígida. A rigidez do sistema, entretanto, retira do osso as informações necessárias para que este possa acelerar o processo de osteogênese. Era necessário então criar um aparelho que fosse ao mesmo tempo estavel, não permitindo desvios entre os fragmentos do osso fraturado e elástico, não retirando do osso as informações dadas pela transmissão das forças. Ilizarov criou então seu fixador circular. Utilizando fios de aço (Kirchner) de pequenos diâmetros (1,5mm e 1,8mm) para evitar lesões ósseas extensas, transfixava o osso em cruz no seu centro axial, em um plano perpendicular ao eixo das extremidades ósseas, e os fixava a anéis externos por meio de parafusos especialmente desenhados os quais eram por sua vez conectados a hastes rosqueadas. A fim de aumentar a estabilidade produzida pelos fios finos, ele os tensionava, conferindo maior estabilidade a montagem.

Dr. Ayres no consultório do Prof. Ilizarov. Kurgan - Sibéria.
Dr. Ayres no Instituto Ilizarov. Kurgan - Sibéria.

Os princípios biológicos da doutrina de Ilizarov fazem parte de conhecimentos antigos da natureza, mas sua descoberta tão recente. O uso e adequação dos processos reparadores são a essência terapêutica da patologia do aparelho locomotor; esta é a proposta terapêutica atual de Ilizarov. O autor desenvolveu o modo de se obter uma neoformação óssea num foco de fratura, com uma distração epifisiária, ou numa corticotomia, quando são submetidos a uma distensão mecânica dosada. Com uma série de experimentos, demonstrou que os tecidos osteogenicamente mais potentes são a medula óssea, com sua vasta vascularização, e o periósteo. Deste modo, se a vascularização desses tecidos não for lesada, e se forem respeitados fatores de natureza mecânica como a estabilidade e ritmo de distração, pode-se estimular a regeneração óssea. A resposta biológica se estende secundariamente nas partes moles, onde se instaura uma nova dimensão ao segmento esquelético. Portanto, através da interação de fatores biológicos (respeito a medula óssea e periósteo) e qualidades mecânicas do aparelho que se desenvolve uma neo-osteogênese.

Hoje, a metodologia é amplamente reconhecida, respeitada e divulgada em vários países das Américas, Europa e Ásia. Seus princípios são cada vez mais difundidos ajudando seus praticantes a curar e a melhorar as condições de vida de milhares de pacientes. (Fonte: Site da asami)